segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Libertário

Homenagem a um grande poeta amigo que veio lá da "metrópole" conquistar o mundo. Espero que goste...
 
Assim como quero fruto e flor
Quero a paz que ainda me falta
Vim de longe, Cruz de Malta
Aventurando-me sem temor

Contemplei o esplendor
Do mar aberto, a terra nova
Desta aqui já fui senhor,
Hoje faço-me peralta

Minha lamúria sente dor
Pela alegria que deles salta

Mas que leveza pura
E que beleza rara
Deste povo que expõe na cara
Risos com destra cura

No samba, achei meu ópio
Meu sossego musicado
Desapego dedilhado
Libertando a mim próprio

Não nego que me bate a saudade
Do chão amado em que me criei
Trago de Lisboa, o estandarte
E para sempre carregarei

Mas não me limito às bandeiras
Nem aos costumes a mim impostos
Sou poeta luso dos portos
Livre das mentiras corriqueiras

Navegar sempre conciso
Pelo mar ou pela folha
Alguns o fazem por escolha
E eu, porque preciso

E que para sempre livre, eu cante
Que caminhe por todo o planeta
E quando, enfim, faltar-me caneta
Regresso à pátria como gigante.


(Arthur Valente)


Aos Dedicados

Não era grande o espaço
Mas sim a atitude aplicada
Que com esforço, passo a passo
Mostrava-se recompensada

Todos lutando unidos
Armados até os dentes do coração
Que abre-se a dedicação
Sem pressão de ser punido

E modifica-se o ambiente
mais claro, limpo, contente
Resplandece compaixão

E vê-se dos soldados valentes
Gritarem os espíritos estridentes
Emudecendo os latidos do mundo cão

E esperam os presentes
De fato, em plena ação
Que se faça abrangente, como já foi
Tal exemplo de gratidão.

(Arthur Valente)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Contemplação

Do céu faço chão, pois
Caminho entre estrelas desalinhadas
Totalmente despovoadas
E Impreganadas de sedução

Calmaria reflexiva
Que só o universo pode oferecer
Caminho entre estrelas desalinhadas
Porque o asfalto já não traz tanto prazer

Pois são tantas as noitadas
E as bebedeiras descontroladas
Que de desprendido, passei a me prender

Caminho por estrelas desalinhadas
Sem saber, e sem querer saber ao certo
Até onde posso percorrer

E adentro sozinho em tal jornada
Pois, somente a sós consigo me reconhecer

E varo em claro as madrugadas
Contemplando as luzes pelo céu a se mover

Faço trajetória desgovernada
Caminhando entre estrelas desalinhadas
Que, por fim, já apagadas
Dão lugar ao alvorecer.

Caminho até o sol nascer
E não lastimo sua chegada
Pois quando a noite vir me ter
Cantarei feliz à esfera prateada
E por estreladas desalinhadas
Volto a me locomer.

(Arthur Valente)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Poema de Victória

Dos cabelos encaracolados castanhos
Sinto-me estranho, como Caetano previu
Ao teu lado me acanho e sinto frio
Mas por tua natureza, me assanho

Dança como se não houvesse nada
E nada parece mesmo dançar assim
Oscila entre sutil e exagerada
Malícia caprichosa em rosto querubim

És tudo que eu aguardava há tanto
Tão fielmente que nem sei se acredito
Se te vejo com outros me irrito
Mas ao te ter comigo, me espanto

E por essas, além das outras, me retrato
Pois é pesado carregar a verdade
Notável como o nome é personalidade
Ganhaste-me com propriedade, no ato.