O mundo é macro, dizem
Quando se olha de cima
Mas parece pouco perto do universo sacro
Guardado sob as retinas dos meninos
E das meninas.
E dizem que o mundo é micro
Aos olhos nus mortais
Mas parece ser muito mais
Quando visto pelos olhares oblíquos
Das ressacas de paz.
Só quem capta Capitú
De fato, ao Ubuntu
Se adapta.
E dizem que o mundo é são
Dentro do possível
Como se fosse plausível
De alguma tangível referência
Ver nos conjuntos complexos
E profundos
Qualquer padrão de consciência.
São é quem mora na casinha da ilusão
Pra não gritar sermão pelas pracinhas
Nem gracinhas, ou groselhas, de Lobão.
E dizem que o mundo é piada
Que tem graça por ser nada
Perto do Todo
Mas o Todo é só um nome
Não sente frio, nem sente fome
Nem sê vê boiando em lodo
Sei, pois, que é o mundo
O melhor, mesmo imundo
Que se achara em mil sóis
E que o pior que há nele
Não vem desse, nem daquele
Mas do pior que há em nós.
(Arthur Valente)