sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Dos Vômitos

O amor é como a morte
Não dá aviso prévio, nem alarde quando vai chegar
Entra sem bater, sem pudor
Traz consigo, juntos, o alívio e a dor
E oscila sensorialmente entre azar e sorte

Quando a morte se apresenta simbólica
Quando não é do físico, mas do emocional
Por exemplo
Mesmo com toda a carga melancólica
Não concebe o quão imensa e visceral
É a cólica
Causada pela dor de amor real
Que nos infla e preenche o corpo carnal
E que se assenta como a uma catedral
Ou um templo

Entre a morte e o amor
Há quem diga que a primeira é mais forte
Ao comparar o resultado de ambas quando abertos os cortes
Mas pensemos, pois, que a primeira, dependendo, vira suporte
Já o segundo, não sei se por rancor ou por esporte
Pode corroer a alma do portador

E mais que tudo isso
A morte, não sei se fim ou se início
Sabe que amar está além de seu próprio poder

Já o amor tão desejado
Se fizer do amante um maltratado
Acaba matando - simbólica ou literalmente - mesmo sem querer


(Arthur Valente)