Homenagem a um grande poeta amigo que veio lá da "metrópole" conquistar o mundo. Espero que goste...
Assim como quero fruto e flor
Quero a paz que ainda me falta
Vim de longe, Cruz de Malta
Aventurando-me sem temor
Contemplei o esplendor
Do mar aberto, a terra nova
Desta aqui já fui senhor,
Hoje faço-me peralta
Minha lamúria sente dor
Pela alegria que deles salta
Mas que leveza pura
E que beleza rara
Deste povo que expõe na cara
Risos com destra cura
No samba, achei meu ópio
Meu sossego musicado
Desapego dedilhado
Libertando a mim próprio
Não nego que me bate a saudade
Do chão amado em que me criei
Trago de Lisboa, o estandarte
E para sempre carregarei
Mas não me limito às bandeiras
Nem aos costumes a mim impostos
Sou poeta luso dos portos
Livre das mentiras corriqueiras
Navegar sempre conciso
Pelo mar ou pela folha
Alguns o fazem por escolha
E eu, porque preciso
E que para sempre livre, eu cante
Que caminhe por todo o planeta
E quando, enfim, faltar-me caneta
Regresso à pátria como gigante.
(Arthur Valente)
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