Por que amo? Por quê?
Por que sinto que quero perto?
E deixo que venha a dor ao ser discreto
Pois quero, o que não posso dizer?
Por que clamo por prazer?
Eu sei, somos íntimos,
Mas pra quê?
Se mal me deixa chegar em teu ser
E me intimido, de forma que me apresso
A finalmente te ter.
Sem sucesso e com tentativas inexatas
Perco-me em cantadas baratas
E promovo sugestões insensatas
Na vontade inapta de te ver derreter
E como queria que fosse minha
Não, não! Mentira mesquinha. Perdão
Queria que fôssemos um só no colchão
E que víssemos, juntos, o dia renascer
Sem pressão de ser
Nem de obrigação
Mas só por satisfação
De saber que fomos e somos
Sendo o todo, nós, serão
O verão mais caloroso
Que o amor já viu nascer
Ave, merecer!
Salva-me da mercê,
Pois ponho-me em tua mão
E de teu coração
Nada espero, mas tudo quero
Bater.
(Arthur Valente)
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