quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Esclarecimento




Pergunto-me com frequência
Não sei se por insegurança
Até onde minha ideia alcança?
Será que faz diferença?

A indagação me perturba
Me faz rolar a noite inteira
Será minha ideia passageira?
Simples fruto de uma mente desturba?

Percebo que não vou dormir
Caminho até a sala para pensar
Eis, então, que ouço me chamar
Uma voz estranha a grunhir

A voz me diz calmamente
Pra não mais me preocupar
E se põe a discursar
Faz-se muito convincente

Diz que entende o meu penar
Porque todo o poeta é carente
Quer ser ouvido pela gente
Mesmo que venham para criticar

E então ponho-me a perceber
Que não posso temer ser esquecido
Tenho que lutar pra ser ouvido
Mesmo que seja só após morrer.

(Arthur Valente)