terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Inspiração


Às vezes ela some por hora
Sem dizer nada, furtivamente
Deixa-me, assim, de repente
Mostra-se presente e vai embora

E ai, fico a perguntar-me
Onde foi parar a endiabrada
Que me mantém varado a madrugada
E, apesar da espera, faz calar-me?

Talvez ande preguiçosa
Há muito não me visita
Por momento aparece aflita
E depois deixa-me, a caprichosa

Recorro às musas de Camões
Ao romantismo de Álvares de Azevedo
Mas pego-me com o olhar azedo
Pois sem ela, não há paixões

Sem ela não há histórias,
Contos, romances, ou heróis
Do fundo da alma, vem como voz
Que grita por criativas glórias

Oh, inspiração concreta!
Banha-me agora por inteiro!
Faz em mim teu cativeiro,
Pra que eu seja sempre poeta.

(Arthur Valente)