domingo, 8 de junho de 2014

Dos segredos explícitos

A liberdade é de fato nossa própria substância,
Basta que lhe permitamos a ação
Basta que lhe confiemos a vivência
Que toda a experiência toma a forma de evolução
E a felicidade vira o alicerce de maior relevância
Da existência

A rebeldia ativa contra as barreiras
Que cercam os espaços preenchidos
Pela sociedade doente de narcisismos destrutivos
Pode não conseguir que cedam de primeira
Mas ao manter-se a martelar de modo incisivo
Ganha a força de uma escavadeira
E vai até a raiz do sistema invasivo
Deixando-lhe a não mais do que poeira
E dando ao corpo-alma agora livre
Motivo claro pra estar vivo

Se é o indivíduo um reflexo de seu mundo
É também o mundo o reflexo de sua identidade
Logo, com coragem pra descobrir-se sempre mais a fundo
Fortalece a mudança que quer ver na realidade
Pra cada atitude ofensiva contra a crueldade
Torna-se o normal cada vez mais moribundo
E o viver se concebe em diversidade

De nada adianta o sectarismo
Quando o fazemos, não só deixamos de aprender
Mas nos perdemos do idealismo
Não passando o discurso de mero achismo
Ao invés de o que por lógica deveria ser
A teorização de nosso empirismo

A libertação
É o ópio
De mais forte sensação

Mas ao invés de alienação
Tem o poder próprio
De ser, em si, elucidação.


(Arthur Valente)