Quando a alma se fecha em suas próprias amarguras
As palavras se aquietam, os gestos são brutos
O corpo grita em silêncio como se estivesse em luto
E o frio dá aos beijos antes molhados uma fúnebre secura
Os corpos parecem distantes, os olhares parecem carrascos
A poesia perde importância na hora que deveria mais importar
Os olhos secam de medo quando deveriam só desaguar
E o gosto morre de tédio pra dar lugar a todos os ascos
O céu acinzenta quando aberto
E parece espelho
Quando encoberto
O futuro antes sublime e incerto
Forma-se um pentelho
E ascende desafeto
Todo o desabafo soa como vitimista
Todo o altruísmo parece forçado
Todo o amor some sem deixar pista
E de amor fica o âmago esfomeado
O mundo parece não ter jeito
O peito parece trancafiado
Os conceitos gritam desenganados
Invalidados ficam todos os feitos
Perde-se a esperança entre mundos de juras
Mas se mantém viva como ao corpo cansado
A vida parece ter se dissipado
Mas é fase, é momento
Já já passa o tormento
Logo o presente vira passado
E alma se liberta de suas próprias amarguras.
(Arthur Valente)
domingo, 29 de junho de 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Merecimento
A festa agoniante
Se mantém pela mescla da demência
Com o tom cativante
Revela-se no semblante deste jovem
Itinerante
Que me freia o pensamento
Pra pedir um cigarro
Que sarro a sua embriaguez relutante
E sua dócil fala inocente
Por entre o sorriso banguelo farsante
Perdido na praça coberta de verde-amarelo
Cercada de bandeiras entediantes
Que tentam encobrir toda a carência
Causada pela violência
De nós, ignorantes
Parados como cães de audiência
Ao protagonizarmos presença
Babando a fome de frente
No espetáculo do narcisimo galopante
Marco da crueldade intensa
Que momento épico!
Bastou nada e fomos fisgados
E calados pelo mesmo anzol
Mas se até não negar hoje é doença
Dêem-me a sentença
Sou mais um histérico
Afinal, fora o mundo real
É só mais um dia de sol
E é só futebol. Não faz mal.
É só futebol.
(Arthur Valente)
Se mantém pela mescla da demência
Com o tom cativante
Revela-se no semblante deste jovem
Itinerante
Que me freia o pensamento
Pra pedir um cigarro
Que sarro a sua embriaguez relutante
E sua dócil fala inocente
Por entre o sorriso banguelo farsante
Perdido na praça coberta de verde-amarelo
Cercada de bandeiras entediantes
Que tentam encobrir toda a carência
Causada pela violência
De nós, ignorantes
Parados como cães de audiência
Ao protagonizarmos presença
Babando a fome de frente
No espetáculo do narcisimo galopante
Marco da crueldade intensa
Que momento épico!
Bastou nada e fomos fisgados
E calados pelo mesmo anzol
Mas se até não negar hoje é doença
Dêem-me a sentença
Sou mais um histérico
Afinal, fora o mundo real
É só mais um dia de sol
E é só futebol. Não faz mal.
É só futebol.
(Arthur Valente)
domingo, 8 de junho de 2014
Dos segredos explícitos
A liberdade é de fato nossa própria substância,
Basta que lhe permitamos a ação
Basta que lhe confiemos a vivência
Que toda a experiência toma a forma de evolução
E a felicidade vira o alicerce de maior relevância
Da existência
A rebeldia ativa contra as barreiras
Que cercam os espaços preenchidos
Pela sociedade doente de narcisismos destrutivos
Pode não conseguir que cedam de primeira
Mas ao manter-se a martelar de modo incisivo
Ganha a força de uma escavadeira
E vai até a raiz do sistema invasivo
Deixando-lhe a não mais do que poeira
E dando ao corpo-alma agora livre
Motivo claro pra estar vivo
Se é o indivíduo um reflexo de seu mundo
É também o mundo o reflexo de sua identidade
Logo, com coragem pra descobrir-se sempre mais a fundo
Fortalece a mudança que quer ver na realidade
Pra cada atitude ofensiva contra a crueldade
Torna-se o normal cada vez mais moribundo
E o viver se concebe em diversidade
De nada adianta o sectarismo
Quando o fazemos, não só deixamos de aprender
Mas nos perdemos do idealismo
Não passando o discurso de mero achismo
Ao invés de o que por lógica deveria ser
A teorização de nosso empirismo
A libertação
É o ópio
De mais forte sensação
Mas ao invés de alienação
Tem o poder próprio
De ser, em si, elucidação.
(Arthur Valente)
Basta que lhe permitamos a ação
Basta que lhe confiemos a vivência
Que toda a experiência toma a forma de evolução
E a felicidade vira o alicerce de maior relevância
Da existência
A rebeldia ativa contra as barreiras
Que cercam os espaços preenchidos
Pela sociedade doente de narcisismos destrutivos
Pode não conseguir que cedam de primeira
Mas ao manter-se a martelar de modo incisivo
Ganha a força de uma escavadeira
E vai até a raiz do sistema invasivo
Deixando-lhe a não mais do que poeira
E dando ao corpo-alma agora livre
Motivo claro pra estar vivo
Se é o indivíduo um reflexo de seu mundo
É também o mundo o reflexo de sua identidade
Logo, com coragem pra descobrir-se sempre mais a fundo
Fortalece a mudança que quer ver na realidade
Pra cada atitude ofensiva contra a crueldade
Torna-se o normal cada vez mais moribundo
E o viver se concebe em diversidade
De nada adianta o sectarismo
Quando o fazemos, não só deixamos de aprender
Mas nos perdemos do idealismo
Não passando o discurso de mero achismo
Ao invés de o que por lógica deveria ser
A teorização de nosso empirismo
A libertação
É o ópio
De mais forte sensação
Mas ao invés de alienação
Tem o poder próprio
De ser, em si, elucidação.
(Arthur Valente)
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Sua retórica já foi melhor
Não consigo mais me expressar
Antes vomitava pesares inacabáveis como rotina
E agora os que me inflam tomam forma de toxinas
A corroer-me a força do caminhar
As palavras não vêm, não gritam, não nada
Não se formam mais em meus devaneios
Nem me auxiliam nos anseios
Que como pedras meu corcundam a alma pesada
Não sei explicar, tampouco convencer
Mal consigo acreditar no que penso ser o certo
Tampouco trazer a um âmbito mais concreto
O tudo que me contorce a lógica pra desenvolver
Não sei mais poetar, nem contar
Não sei mais brincar de eu-lírico
E mal consigo extrair do empírico
Toda a inspiração que me levava a versar
Vão-se os versos, fica a tristeza
Vai-se a beleza, fica a sinceridade
Vai-se a verdade, fica a incerteza
E vai a correnteza a me arrastar pela cidade
Fica a cidade, vai-se a doçura
Fica a frieza, vai-se a paixão
Foge o tesão de fazer-se de cura
Fica a loucura da introversão.
Um dia eu volto pra poesia
Quando e se reencontrá-la por ai
Se nada é como um dia após o outro dia
E se a partir do nada é que tudo se cria
Que eu seja, então, recriado pelo o que ainda não vivi
E que pra mim a poesia volte, um dia
Melhor ainda do que era antes de partir
Pra que eu seja reparido à luz da filosofia
Que tenha a alegria como base de existir
Apesar de, com certa franqueza,
Saber que se não houver tristeza
Não há como haver sentido no ato de sorrir.
(Arthur Valente)
Antes vomitava pesares inacabáveis como rotina
E agora os que me inflam tomam forma de toxinas
A corroer-me a força do caminhar
As palavras não vêm, não gritam, não nada
Não se formam mais em meus devaneios
Nem me auxiliam nos anseios
Que como pedras meu corcundam a alma pesada
Não sei explicar, tampouco convencer
Mal consigo acreditar no que penso ser o certo
Tampouco trazer a um âmbito mais concreto
O tudo que me contorce a lógica pra desenvolver
Não sei mais poetar, nem contar
Não sei mais brincar de eu-lírico
E mal consigo extrair do empírico
Toda a inspiração que me levava a versar
Vão-se os versos, fica a tristeza
Vai-se a beleza, fica a sinceridade
Vai-se a verdade, fica a incerteza
E vai a correnteza a me arrastar pela cidade
Fica a cidade, vai-se a doçura
Fica a frieza, vai-se a paixão
Foge o tesão de fazer-se de cura
Fica a loucura da introversão.
Um dia eu volto pra poesia
Quando e se reencontrá-la por ai
Se nada é como um dia após o outro dia
E se a partir do nada é que tudo se cria
Que eu seja, então, recriado pelo o que ainda não vivi
E que pra mim a poesia volte, um dia
Melhor ainda do que era antes de partir
Pra que eu seja reparido à luz da filosofia
Que tenha a alegria como base de existir
Apesar de, com certa franqueza,
Saber que se não houver tristeza
Não há como haver sentido no ato de sorrir.
(Arthur Valente)
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