sábado, 30 de novembro de 2013

Céu de diamantes

Lembro como se fosse agora
Pois teus ensinamentos guardo em mim
Como se guarda a própria vida
E dizia-me assim, a minha querida
Pra ter paciência de crer que o fim
É só um ciclo terminado que, sem demora,
Há de se ver reiniciado num outro
Menos ruim

Até que o melhor venha de vez
Não por ser, mas porque nos tornamos
Apesar de nossa ânsia, através do anos
Maiores em nossa pequenês
Desconstrutores de nossas intolerâncias
E sabotadores de nossa arrogância
Infantil e torpe de pequeno-burguês

Chega a hora, creio eu
Sem receio mais de ter esperança
De colhermos a bonança
Que estes tempos de tempestade
Apesar do cansaço e do alarde
Em meio a cruel cidade
Fortaleceu

Minha rainha retorna ao trono
Depois de tanto lembrar como é ser da plebe
Volta também, um pouco mais, meu sono
Ao conceber que, de novo,
Das cinzas elas se ergue.

Seja bem-vinda Luz do latim
Que venha me iluminar como sempre fez
E prometo a ti, assim como a mim,
Que se juntos caminharmos mais uma vez
Os ciclos serão fracos, tal como as tempestades
E não haverão mais grades
Contra a nossa alegre e louca
Lucidez.


(Arthur Valente)

Dos Cantos Mitológicos

Dos impérios passados
Maiores que os titãs, em pleno alarde
E mais escuras que o reino de Hades
Erguem-se as muralhas de fúria

Pois são, num negro aglomerado,
Os povos unidos e irados
Contra os reis auto-intitulados
Prestes a morrerem afogados
Em suas próprias injúrias

E é Eros que lhes inspira a união
E vêm gritando, loucos, os coros de Marte
Propagando, roucos, por toda a parte
Palavras de ordem e caos pra que a tirania
Caia morta no chão

E espalha-se, a revolta, por toda a terra
Com mais bravura que os antigos heróis
Mais brilhante que mil sóis
É a alvorada da nova era

E hão de cair os comandantes
Os falsos profetas maledicentes
Com suas verdades confusas
E serão não mais que pedra
Como se olhassem nos olhos de serpente
Da própria medusa

E num avante, toda a gente
Vai tomar os postos seus
Num negro bloco de dimensão gigante
Mais forte e temido que qualquer deus

E cai o representante do deus hebreu
Delirante em sua própria má fé
E se ouve dos confins da massa ralé
Que chegara o tempo de Prometeu.


(Arthur Valente)