sábado, 3 de agosto de 2013

Ao Libertário Negro

Um pobre, negro-mulato
Sem aparato, nem cobre
Um rubro-negro guerreiro em fato

Ogun incarnado em louvor
Ao amor livre e sensato
Refletindo a justiça no ato
Tal qual um retrato de Xangô

Herói da plebe oprimida
Utópico só por ter sido
Morreu sem ter morrido
Pois seu nome ecoa engrandecido
Por todo o atento ouvido
Que alarde ao ver saída
No canto renascido
Da liberdade antes perdida

Professor em oratória
Da história, tens tutela
Não daquela morta escória
Que colou-te em fria cela
Nem da outra de monstro porte
Que celou, por fim, tua morte

Mas daquela rica em glória
De cautela e de trabalho
Pelo teu amado povo
Ao qual fostes bravo escudo
E até quando em frangalhos
Nem assim ficastes mudo

Por tua densa vida bela
De batalha e sacrifício
De mudança como ofício
Marighella, te saúdo.


(Arthur Valente)