terça-feira, 20 de maio de 2014

Religare

De que vale a liberdade de poder dizer
Que vivo preso
À realidade que me foi ensinada a crer
Por senso
Como sendo a verdade inescapável de se viver?
Que peso...
Desde que comecei a de fato aprender
O quão denso se faz o ser
Ao estar enjaulado à máquina mortífera
E pouquíssimo frutífera
À qual, por vaidade, nomeiam como o viver

Morro todo dia ao não ver saída
Pra esta tão estranha
E contraditória
Forma de vida.

Corro pra encontrar a esperança quase perdida
E a invoco de minhas entranhas
Exaltando-a em minha oratória
Que torna-se morna por tanto já ter sido repetida

Abstraio os torpes valores que a mim são passados
E, desenganado, renovo os critérios
Continuamente
Do sagrado mistério
Que reina sob o barulho dos tambores
Tocados
Que ascende por entre os amores
Trocados
Que adoça a delícia dos sabores
Mesclados
E que ilumina a alma dos esperançados
Deixando-as mais brilhantes
Do que o brilho combinado de todos os cobiçados
Minérios


(Arthur  Valente)