A roupa do rei foi deposta
Cai a casa, ergue-se o parlamento desnudo
A moça veste o que queria despir de costas
O moço tem vergonha do que disse ser graúdo
E a mente da gente toda cansada agora tosta
A casa do parlamento tosta
Cai, do rei, vergonha do que disse ser desnudo
A moça agora toda cansada da mente deposta
E a gente ergue-se, veste a roupa de costas
Foi o que queria despir o moço graúdo
A moça ergue-se de costas
Cai do moço a roupa, a vergonha foi deposta
A casa do rei, o parlamento, a gente tosta
E a mente toda veste o que queria graúdo
Desnudo, a despir, tem do que disse ser cansada agora
A linguagem, por praticidade toda,
Não guarda em si uma só verdade
Mas, ao que se quis ver,
Ao que se possa ler.
Mas, por verdade, a linguagem ao que se quis ler
Não guarda em si ao que se possa ver toda
Uma só praticidade.
A praticidade por toda a linguagem,
Guarda em si uma só verdade,
Não ao que se possa ver
Mas ao se queira ler.
(Arthur Valente)