sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Memórias de uma milícia atual
Homens-demônio trajados de farda
Fardados de ódio e de falta de dúvida
Armados com fogo, esperando ordens súbitas
De reis despóticos, contra a plebe enganada
Meirinhos do novo século, capitães-do-mato
Seculares por proverem ao povo o choque
Pois sendo brutos no ato e no toque
Contrariam-se à existência num torpe desacato
E quem são estes empregados do engenho?
Do engenhoso poder maior aristocrático
Que com sarcásticos risos, demonstram empenho
Em pisar abotinados no Estado Democrático
Respiraremos quando seguirem nova rota
Contra choque, milícia e falta de senso
E ai, formando-se um exército imenso
Por fim, a opressão institucional bate as botas.
(Arthur Valente)
Reciprocidade
Olhaste a fundo minha janela
E viste, sedenta, minha alma nua
E foi quando olhei de volta à tua
Que marcaste meu íntimo e deixaste sequela
E pedi que me devorasses sem dó, nem dizeres
Que me molestasses o corpo a bom grado
Pois senti-me, em teu dorso, completo banhado
Pelo vinho de Baco, embriagado em prazeres
E queria que me amasses sem medo, nem culpa
Que me deixasses drogado em teu cheiro de vida
E que não mais temesses a dor da partida
Pois mesmo esta, de cedo, já encarnara a desculpa
E se assim foi que, então, assim seja
Sem prisões de toque, nem de ciúme
Que o amor nos evoque e nos empunhe
À luta dengosa que a alma deseja.
(Arthur Valente)
Assinar:
Postagens (Atom)