quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Flagelos



Os mesmos que,com frieza,
Riem de minha embriaguez
Embriagam-se de tristeza
Por manterem a lucidez.

Meu amor,
Não ouça o que lhe dizem
Não deixe que lhe pisem

Somos o remédio inválido
E singelamente cálido
Das feridas do mundo

Mergulhando ao fundo
Nos fazendo imundos
Querendo que estas cicatrizem

O autoflagelo, a destruição corporal
Às vezes como elo espiritual
não me fazem tão mal quanto o mundo que vivo

Quanto às bandeiras que sirvo
Quanto aos caminhos que sigo
Quanto ao choro de um amigo.

(Arthur Valente)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Célebres



Cultos escritores
Notáveis prosadores
Talentos apagados
Destruídos, criticados
Por reles faladores

Paisagistas sonhadores
Fantásticos pintores
Socialmente marginalizados
Tristes, maltratados
Pelos maus entendedores

Músicos encantadores
Artistas inovadores
Todos descartados
Sendo desperdiçados
Entre máquinas e vapores

Belos Fingidores
Péssimos atores
Solenemente endeusados.
Teria a arte se tranformado
Num castelo dos horrores?

(Arthur Valente)