Aos amigos do parque. Aos parceiros da vida... Aos agentes da mudança.
A Natureza há de ascender
Mas não pra posse, pois já reina livre
Há de reivindicar-se como mãe maior do ser
Como a fonte vital que ao crescer, nutre
E não há quem não se cative a ver
Que só por ela realmente se vive
Pensam alguns que ela se ausentara
Mas presente está, sem estar
Se não nota, para e repara
E se discorda, por que respirar?
Somos a prole ingrata
Da única rainha que merece trono
Somos o progresso da perda de sono
A raspar felicidades entre vácuos e latas
Mas, como fomos destruidores de nós mesmos!
Pois nós, em conjunto, somos trindade verdadeira
Os pais, os filhos e a espiritualidade
Partes integrantes de um mesmo seio
Natureza dispersa e inteira
Onde agora bebe a vaidade
Que amanhã embriague-se a palmeira
E que sobre o mal da humanidade
Nasça um pé de seringueira.
(Arthur Valente)
segunda-feira, 22 de julho de 2013
sábado, 13 de julho de 2013
Querido Juízo Diário
Ja fui calmo, eufórico e tempestuoso
Já fui salmo, filosófico e religioso
Já fui cético, patético e presunçoso
Já fui criança, adolescente e idoso
Já fui caminho, atalho e perdido
Já fui cascalho e pedra preciosa
Já fui babaca de atitudes honrosas
Já fui honrado, desgarrado e descabido
Já fui poeta, alienado e artista
Já fui modéstia e arrogância puras
Já fui doença sem remédio ou cura
E já fui doçura a esnobar a violência
Já fui vigarista, honesto e enganado
Apartidário, oposição e governista
Já fui lesado por nobres oportunistas
E calculistas com outros renegados
Já fui anarquista, comunista, utopia
Não fui nazista, porque isso não sei ser
Já fui blindado pela sede de vencer
E vulnerável por faltar-me valentia
Já fui passagem, estadia, volta e ida
Já fui azar, inércia, vontade e sorte
Já fui saída às peripécias da morte
E a entrada pro melhor que há na vida
Aos que questionam o que sou por completo
Sou concreto e abstrato em alquimia
Como posso ser, na vida, algo certo
Se incerto fui, e todo o resto, em um só dia?
(Arthur Valente)
Já fui salmo, filosófico e religioso
Já fui cético, patético e presunçoso
Já fui criança, adolescente e idoso
Já fui caminho, atalho e perdido
Já fui cascalho e pedra preciosa
Já fui babaca de atitudes honrosas
Já fui honrado, desgarrado e descabido
Já fui poeta, alienado e artista
Já fui modéstia e arrogância puras
Já fui doença sem remédio ou cura
E já fui doçura a esnobar a violência
Já fui vigarista, honesto e enganado
Apartidário, oposição e governista
Já fui lesado por nobres oportunistas
E calculistas com outros renegados
Já fui anarquista, comunista, utopia
Não fui nazista, porque isso não sei ser
Já fui blindado pela sede de vencer
E vulnerável por faltar-me valentia
Já fui passagem, estadia, volta e ida
Já fui azar, inércia, vontade e sorte
Já fui saída às peripécias da morte
E a entrada pro melhor que há na vida
Aos que questionam o que sou por completo
Sou concreto e abstrato em alquimia
Como posso ser, na vida, algo certo
Se incerto fui, e todo o resto, em um só dia?
(Arthur Valente)
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Desabafo Analítico do Indigesto
A beleza da vida, hei de lembrar
Está contida na imperfeição contínua
Na alteração repentina que busca alcançar
A plenitude a que tudo se inclina
Sem nunca se planificar.
Pois pra cada cena, ato, momento
Sopra o vento de uma forma única
E não há de existir véu ou túnica
Que protejam o velho rabugento
Já passado
A se tornar só um contento ultrapassado
Amaldiçoado em ser deixado
Quase como fosse calúnia
Reprimido em seu repertório lento
Pobre, intolerante e transtornado
Sopra o vento de uma forma única
E não há de existir véu ou túnica
Que protejam o velho rabugento
Já passado
A se tornar só um contento ultrapassado
Amaldiçoado em ser deixado
Quase como fosse calúnia
Reprimido em seu repertório lento
Pobre, intolerante e transtornado
O caos, por essência
É o parto da mudança
A dor ansiosa da paciência
Que convulsiona-se sem cadência
Pra atrair a sonhada bonança
É o parto da mudança
A dor ansiosa da paciência
Que convulsiona-se sem cadência
Pra atrair a sonhada bonança
É a válvula de ação da descrença
Pro que já não mais avança
Ou um pedido de desistência
Ou um gesto de resistência
Ao mestre-sala que dança
Não mais por liderança
Mas por orgulho torpe e teimosa persistência.
Pro que já não mais avança
Ou um pedido de desistência
Ou um gesto de resistência
Ao mestre-sala que dança
Não mais por liderança
Mas por orgulho torpe e teimosa persistência.
Pois não hei de esquecer também
Que o perigo da constante inconstância
É sujar-se em intolerância
Com sua sucessora que logo vem
Que o perigo da constante inconstância
É sujar-se em intolerância
Com sua sucessora que logo vem
E que não mais por temperança
Nos destemperemos a crer na violência
Dos que sentenciam nossa potência
Paixão, eloquência
E convicção na crença do novo em ascenção
À fala tímida e mansa.
Nos destemperemos a crer na violência
Dos que sentenciam nossa potência
Paixão, eloquência
E convicção na crença do novo em ascenção
À fala tímida e mansa.
Que não nos calemos quando o novo gritar
E bradar que agora é sua vez de agir
Pois nasce este pelo o que nos fizeram engolir
E vive para que aprendamos finalmente
A mastigar.
E bradar que agora é sua vez de agir
Pois nasce este pelo o que nos fizeram engolir
E vive para que aprendamos finalmente
A mastigar.
(Arthur Valente)
quarta-feira, 5 de junho de 2013
And I'm feeling good
Cigarro, cachaçada
Ressaca de blues
Um sarro, um sorriso de farsa
Cuspidos e escarrados
Em pus
Um céu negro como Nina
Um velho tempo que se inclina
Ao novo boa praça
Resplandecendo luz
É um novo dia, mas o dom é o mesmo
E se tentaram me deixar a esmo
Enganaram-se em jus
Porque já não mais calado
Alcanço o dia rebuscado
Sem medo de ser ofuscado
E pondo-me guiado
Ao calor solar que
Em meu corpo cansado
Se alastra e se conduz
Deixe que renasça
Deixa, que passa
Passado, presente
Futuro proeminente
Que nasce da semente
Que eu, indigente
Solenemente, só de pirraça
Pus.
(Arthur Valente)
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Sem Querido
Era uma daquelas
Que, apesar de bela
Não sei bem se queria
Ai, sem querer
Juntei realidade e fantasia
Entre conto e poesia
Feitos à luz da janela
Escrevi sobre sorte sofrida
Sobre corte e ferida
Sobre vida e sobre morte
E zen,
No escuro que faz-se de açoite
Produzi contra os muros da noite
Ao lado de ninguém
Até o alvorecer
Ao final, por bem,
Fui cair feliz
E se sem querer, quis
Sem querer, me refiz
Aprendiz a crescer
E tudo a quem,
Bem, mas sem querer
Eterniza-te acaso
Faz-me refém
Mas só por ser,
Sem querer,
Amém
(Arthur Valente)
Que, apesar de bela
Não sei bem se queria
Ai, sem querer
Juntei realidade e fantasia
Entre conto e poesia
Feitos à luz da janela
Escrevi sobre sorte sofrida
Sobre corte e ferida
Sobre vida e sobre morte
E zen,
No escuro que faz-se de açoite
Produzi contra os muros da noite
Ao lado de ninguém
Até o alvorecer
Ao final, por bem,
Fui cair feliz
E se sem querer, quis
Sem querer, me refiz
Aprendiz a crescer
E tudo a quem,
Bem, mas sem querer
Eterniza-te acaso
Faz-me refém
Mas só por ser,
Sem querer,
Amém
(Arthur Valente)
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Canto de despedida
Eu vou
Vou como Caetano sugeriu
Como Jack escreveu
Como foram Chris, Bob e Jim
Vou como a estrela que caiu
Como um louco no apogeu
Que busca somente
Buscar um fim
Vou como se vai
Como se deveria ir
Desbravando meu íntimo
Meu Abel, meu Caim
Vou como quem sai
Como quem só quer sumir
Criando, quieto, meu ritmo
Que não aguenta mais guardar-se em mim
Vou fundo, de cabeça
Mas, ah! Sem hipocrisia
Vou leve, como poesia
Querendo que a vida aconteça!
Vou por ser criança
Por ter me faltado crescer
Por ser, estar e crer
Que em mim ainda há esperança
Vou por ser fraco
Por ser ignorante e pobre
Por não trocar-me por cobre
E por já ter o semblante opaco
Vou por ter perdido o gosto
Por faltar-me vontade
Porque vivo em infeliz cidade
E pela infelicidade tomar-me o posto
Vou porque me mandaram
Porque fui deixado
Pois já só e destroçado
Me viram em cacos e pisaram
Vou pra não ir de vez
Pra ainda tentar manter-me são
Pra não mais juntar as mãos
E orar minha invalidez.
(Arthur Valente)
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Aos Poetas
Poeta de vida e de morte
Escrevo porque sinto, porque penso e porque sou
Rabisco minhas fraquezas, pois assim sinto-me forte
E declamo meus pesares, procurando alçar voo
Sou político, escrachado, diplomático e violento
Livre pensador, por momento, enjaulado
Encontro cores soltas nos dias mais cinzentos
E caminho contra o vento junto aos nobres rejeitados
Simpático, atraente, indiferente e invisível
Saliente e tímido com as mulheres que almejo
Por vezes aclamado, e outras imperceptível
Vou de lobo prepotente a assustado caranguejo
Expondo meus critérios, admiro quem me ouve
Mas ressalto ainda mais os que me fazem ouvir
Minha arte é flor que nasce, pra cozida, virar couve
Sou o conjunto disso tudo e o que me falta descobrir.
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