Fecham-se as cortinas, intervalo
Saem todos, menos um
Muda a cena, zum-zum-zum
Vaza o velho pelo ralo
Entra o novo num segundo
Muda o mundo, fica a vista
Olha tudo como autista
Passa o ser a ser fecundo
Planta a praia, o vento, o sol
Colhe calma, amor e fé
Flui o íntimo como a maré
E pesca a paz sem ter anzol
Capoeira joga em dança
Luta, aprende e cai na areia
Pulsa o mar vermelho em veias
E cantarola a vida mansa
Desce do palco, vai pra rua
Usa e abusa a pele nua
Acha graça no ranzinza
Vai do cinza ao prata-lua
E renasce o protagonista
Ganha brilho e vivência
Vai e conquista experiência
Pra fazer da selva-de-pedra, pista
De malandro em essência
De poeta na potência
E com cadência de sambista.
Saravá!
Viva a vida!
Viva o maior do teatros que permite
A todos serem artistas
Pois só nela a história resiste
Sem precisar de roteirista.
(Arthur Valente)
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