domingo, 8 de dezembro de 2013

Ponto de Vago

O mundo é macro, dizem
Quando se olha de cima
Mas parece pouco perto do universo sacro
Guardado sob as retinas dos meninos
E das meninas.

E dizem que o mundo é micro
Aos olhos nus mortais
Mas parece ser muito mais
Quando visto pelos olhares oblíquos
Das ressacas de paz.

Só quem capta Capitú
De fato, ao Ubuntu
Se adapta.

E dizem que o mundo é são
Dentro do possível
Como se fosse plausível
De alguma tangível referência
Ver nos conjuntos complexos
E profundos
Qualquer padrão de consciência.

São é quem mora na casinha da ilusão
Pra não gritar sermão pelas pracinhas
Nem gracinhas, ou groselhas, de Lobão.

E dizem que o mundo é piada
Que tem graça por ser nada
Perto do Todo

Mas o Todo é só um nome
Não sente frio, nem sente fome
Nem sê vê boiando em lodo

Sei, pois, que é o mundo
O melhor, mesmo imundo
Que se achara em mil sóis

E que o pior que há nele
Não vem desse, nem daquele
Mas do pior que há em nós.


(Arthur Valente)

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