quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Inferno?

Fazemos piada daquilo tudo,
De tudo aquilo que não tem graça,
Rimos de pobres conteúdos,
Fazemos da verdade,farsa!

Desperdiçamos nossa comida,
Criamos fortalezas por razões singelas,
Que importa a fome por outros vivida?
Tão pouco a violência das favelas

Aqueles que nos fazem mal
Solenemente idolatramos,
E de forma inacreditavelmente natural
Desprezamos à quem amamos

Criamos uma humanidade
De seres desumanos,
Satírizamos uma sociedade
Que nós mesmos criamos

Para pensar e refletir
Não gastamos meio neurônio,
Se o inferno é aqui
Nós somos os demônios.

(Arthur Valente)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Tudo


O tempo
O solo
O vento
O colo
O mantra
O passo
A janta
O amasso
A sorte
A comida
A morte
A vida
O caminho
A flor
O espinho
A dor
Do início ao fim
Mantenho-me persistente
Há um vício em mim
Começo novamente.

(Arthur Valente)

Por que?

Saíste da igreja agora?
Deixaste teu dinheiro suado?
E por que apenas olhas o abandonado
E com desdém lhe nega esmola?

Leste lições messiânicas?
Explique-me então,por favor
Por que chamas por teu Senhor
Se de ti,só palavras satânicas?

Esclareça-me por momento
Afinal,por que desprezas teu irmão?
Por que deixa os seus ao relento?

Não aprendeste nada?
Se essa é tua divina compaixão
Deste reino dos céus abro mão.

(Arthur Valente)

sábado, 31 de julho de 2010

Razão Emocional


A matemática é racional
O sentimento não
Poetismo é pura emoção
Partindo de um princípio contextual

Não teriam os poetas razão?
Tolo,quem crê em tal
Pois de uma forma emocional
Expressa esta,escrita ou oral
Nada mais é
Do que uma letrada equação


Essa mistura tenaz
Em via de ponto prático
De forma eficaz,
Coloca estes,entre os irracionais,
Como os mais célebres matemáticos.

(Arthur Valente)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nostalgia



A vida vai e vem
Mas o passado sempre volta
Me faz lembrar de alguém
Ou por algo ele me cobra

Mostra-me rostos antigos
A memória já não é tão eficaz
Entristeço-me pelos amigos e inimigos
Pois fazem parte de períodos
Que já não existem mais

Novas pessoas conheci
Outros rumos vou seguir
Afinal,o futuro é logo ali

E o que me esperam os novos caminhos?
Pergunta feita em vão
Deixarei o passado de mão
Águas passadas não movem moinhos.

Ditados como esse,há muitos
Antigos mas ainda em alta
Porém,por minutos
A memória de repente se exalta
E percebo de súbito
Que do leite derramado,sinto falta.

(Arthur Valente)

Eles


Eles roubam nosso dinheiro
Eles roubam nossa dignidade
Eles fazem do mundo um rodeio
Eles exalam pura maldade

Eles invadem nosso lar
Sem ao menos pedir licença
Eles cospem em nossas faces
E riem de nossas crenças

A culpa é deles
E de mais ninguém
Eles?Eles quem?
Afinal não seriam eles
Nós também?

(Arthur Valente)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rotina


Estava eu, em paz.
Liguei a televisão,
acabara de começar o Plantão,
mais um havia saído da prisão
foi ver a mãe e não voltou mais.


Depois vi pessoas sorrindo,
um sorriso tanto quanto amarelo,
teria eu entrado em um universo paralelo?
Ah não,era só mais um engravato mentindo.


Ai veio um slogan de pizzaria,
dizendo que era a maior já feita,
afirmação um tanto suspeita,
pois a maior,pelo que sei, fica em Brasília.


Ia começar a novela,enfim.
Sentou-se a esposa a meu lado,
fiquei um tanto assustado,
ela sabia mais sobre os atores do que de mim.


Por fim,fiquei com raiva e tive vontade de falar,
em minha cabeça bolava um discurso feroz,
mas na hora de realmente soltar a voz,
o cansaço me pegou e adormeci no sofá.

(Arthur Valente)