O que é esse caos descontrolado?
E esse ódio tão sinceramente exposto
Por estes mascarados eufóricos
Profanadores do comportamento geral?
O que são esses meninos desalmados
Esfomeados de desgosto
Que já sujaram seu histórico
Antes mesmo da idade penal?
O que é esse som reverberado
Invadindo o público que não lhe é posto
Gerando preconceitos retóricos
Apesar de tão gostado pela massa?
O que são essas mortes violentas
Causadas friamente por quem tem posto
Tão cruéis e corpulentas
Por motivo de classe e de raça?
O que é tudo isso no envolto da beleza
Que não quer deixá-la livre
Pra ser o que se é?
O que é toda essa frieza
Sorrindo por trás dos calibres
De uma mãe que mal nos quer?
É o motivo pra sair de casa
Criar asas
E conquistar o tudo que é nosso
Mas que ainda não é.
(Arthur Valente)
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
A novidade vem da praia
Suo salgado tal qual o suíno
Balbucio besteiras como a um letrado babuíno
E como sou pouco comportado quando vivo
Quando me ignoram as ordens e os hinos
Quando só a mim e a quem me inclino
Por amor, sirvo
Viro bicho civilizadamente selvagem
Deixando descansar um pouco os ombros cansados
De tanto carregar as impalpáveis bagagens
Que me acompanham desde onde alcança o horizonte
Do passado.
E como canto alto e grito e faço e aconteço
E como desfaleço feliz a cada trago
Lembrando que ainda ei de acordar sossegado
Mesmo que doído
Com os carinhos inacabáveis do meu amor
Não mais perdido.
Esqueço como sou alegre e livre por essência
Mas não aqui. Não sobre o areial
Que sustenta o coqueiral a sambar com a cadência
Do vento mesclado em sal.
Mamãe, odoyá
Obrigado por me lavar as partes
As dores pungentes
E me transmitir pelo tato todas as vertentes
Das mais belas artes
E das mais nobres gentes
Salve, Oxóssi
Pela cura das matas
Opostas às pedreiras inacabadas
Da amada cidade
Que é também tão ingrata
Papai Ogun
Dai-me a força de teus braços
E o conforto de tua coragem
Pois sei que não importa qual será a próxima viagem
Nem se a passagem é só de ida
Porque por onde passar-me as imagens
Caminharei de cabeça erguida
Frente ao desconhecido que é em si a vida
Sem pele ou roupagem
(Arthur Valente)
Balbucio besteiras como a um letrado babuíno
E como sou pouco comportado quando vivo
Quando me ignoram as ordens e os hinos
Quando só a mim e a quem me inclino
Por amor, sirvo
Viro bicho civilizadamente selvagem
Deixando descansar um pouco os ombros cansados
De tanto carregar as impalpáveis bagagens
Que me acompanham desde onde alcança o horizonte
Do passado.
E como canto alto e grito e faço e aconteço
E como desfaleço feliz a cada trago
Lembrando que ainda ei de acordar sossegado
Mesmo que doído
Com os carinhos inacabáveis do meu amor
Não mais perdido.
Esqueço como sou alegre e livre por essência
Mas não aqui. Não sobre o areial
Que sustenta o coqueiral a sambar com a cadência
Do vento mesclado em sal.
Mamãe, odoyá
Obrigado por me lavar as partes
As dores pungentes
E me transmitir pelo tato todas as vertentes
Das mais belas artes
E das mais nobres gentes
Salve, Oxóssi
Pela cura das matas
Opostas às pedreiras inacabadas
Da amada cidade
Que é também tão ingrata
Papai Ogun
Dai-me a força de teus braços
E o conforto de tua coragem
Pois sei que não importa qual será a próxima viagem
Nem se a passagem é só de ida
Porque por onde passar-me as imagens
Caminharei de cabeça erguida
Frente ao desconhecido que é em si a vida
Sem pele ou roupagem
(Arthur Valente)
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Hoje
Hoje homenageiam profanadores de crianças
Divinizam diabólicos pastores
Deixando a herança dos dissabores
Às mudas de flores sedentas de esperança
Hoje cantam festa onde reina a fome
E pregam que o ódio tem nome de paz
Fazendo a justiça de bomba de gás
E pisando nos restos do corpos que somem
Hoje proíbem a gente de ser gente
E é hoje mais quente a tensão que o verão
Hoje falta à geração o que sobra no pente
A disparar sementes de medo e opressão
Hoje mentem repetidamente pra criar verdade
E fazem da vaidade seu mais forte refrão
Mas quando a pobre mocidade reflete tal idealização
Ai, com balas e grades, dizem que não
Saudando a apreensão da ideia de igualdade
E tomando a liberdade de quem nem sempre ostenta pão
Hoje trazem a copa que transborda em privilégios
E propagam que a todos será dada de beber
Mas ainda não sabem que sua vaca de poder
Vai logo pro brejo
Quando as mulas dissidentes dos colégios,
Ds igrejas, dos quartéis, e do obedecer
Devorarem o capim dos velhos sacrilégios
Dando espaço ao novo que não tarda a nascer.
(Arthur Valente)
Divinizam diabólicos pastores
Deixando a herança dos dissabores
Às mudas de flores sedentas de esperança
Hoje cantam festa onde reina a fome
E pregam que o ódio tem nome de paz
Fazendo a justiça de bomba de gás
E pisando nos restos do corpos que somem
Hoje proíbem a gente de ser gente
E é hoje mais quente a tensão que o verão
Hoje falta à geração o que sobra no pente
A disparar sementes de medo e opressão
Hoje mentem repetidamente pra criar verdade
E fazem da vaidade seu mais forte refrão
Mas quando a pobre mocidade reflete tal idealização
Ai, com balas e grades, dizem que não
Saudando a apreensão da ideia de igualdade
E tomando a liberdade de quem nem sempre ostenta pão
Hoje trazem a copa que transborda em privilégios
E propagam que a todos será dada de beber
Mas ainda não sabem que sua vaca de poder
Vai logo pro brejo
Quando as mulas dissidentes dos colégios,
Ds igrejas, dos quartéis, e do obedecer
Devorarem o capim dos velhos sacrilégios
Dando espaço ao novo que não tarda a nascer.
(Arthur Valente)
domingo, 5 de janeiro de 2014
Ainda é cedo
Olha lá, moça
Ouve só que canto prosa
Lembra-nos que não esqueçamos das rosas
Mas que também não das poças
E diz ainda, veja só
Que parecem nos engolir
Nos esburacar
Mas que quem nos afunda
E inunda pra depois deixar a esmo
Somos mós mesmos
Ouve bem, flor
Que a cor do mundo é todas mescladas
E que viver é como subir escadas
Alterando-se só o corredor
O corrimão
E a altura das escadas
Em relação ao chão
Mas te aquieta que do chão não passa
E que se não fosse o chão
Voar não teria graça.
Então voa, passarinho
Mantem-te a cantar como rouxinol
Vivencia todo o pôr-do-sol
Sem medo de ser feliz
E orgulhando-se das cicatrizes
Pois são elas as donas das diretrizes
Pra que tu alcances o Sol
A Lua, além, o que for
E daí, se quiseres, fazes ninho
Com ou sem raízes
Mas sempre com amor.
(Arthur Valente)
domingo, 8 de dezembro de 2013
Ponto de Vago
O mundo é macro, dizem
Quando se olha de cima
Mas parece pouco perto do universo sacro
Guardado sob as retinas dos meninos
E das meninas.
E dizem que o mundo é micro
Aos olhos nus mortais
Mas parece ser muito mais
Quando visto pelos olhares oblíquos
Das ressacas de paz.
Só quem capta Capitú
De fato, ao Ubuntu
Se adapta.
E dizem que o mundo é são
Dentro do possível
Como se fosse plausível
De alguma tangível referência
Ver nos conjuntos complexos
E profundos
Qualquer padrão de consciência.
São é quem mora na casinha da ilusão
Pra não gritar sermão pelas pracinhas
Nem gracinhas, ou groselhas, de Lobão.
E dizem que o mundo é piada
Que tem graça por ser nada
Perto do Todo
Mas o Todo é só um nome
Não sente frio, nem sente fome
Nem sê vê boiando em lodo
Sei, pois, que é o mundo
O melhor, mesmo imundo
Que se achara em mil sóis
E que o pior que há nele
Não vem desse, nem daquele
Mas do pior que há em nós.
(Arthur Valente)
Quando se olha de cima
Mas parece pouco perto do universo sacro
Guardado sob as retinas dos meninos
E das meninas.
E dizem que o mundo é micro
Aos olhos nus mortais
Mas parece ser muito mais
Quando visto pelos olhares oblíquos
Das ressacas de paz.
Só quem capta Capitú
De fato, ao Ubuntu
Se adapta.
E dizem que o mundo é são
Dentro do possível
Como se fosse plausível
De alguma tangível referência
Ver nos conjuntos complexos
E profundos
Qualquer padrão de consciência.
São é quem mora na casinha da ilusão
Pra não gritar sermão pelas pracinhas
Nem gracinhas, ou groselhas, de Lobão.
E dizem que o mundo é piada
Que tem graça por ser nada
Perto do Todo
Mas o Todo é só um nome
Não sente frio, nem sente fome
Nem sê vê boiando em lodo
Sei, pois, que é o mundo
O melhor, mesmo imundo
Que se achara em mil sóis
E que o pior que há nele
Não vem desse, nem daquele
Mas do pior que há em nós.
(Arthur Valente)
sábado, 30 de novembro de 2013
Céu de diamantes
Lembro como se fosse agora
Pois teus ensinamentos guardo em mim
Como se guarda a própria vida
E dizia-me assim, a minha querida
Pra ter paciência de crer que o fim
É só um ciclo terminado que, sem demora,
Há de se ver reiniciado num outro
Menos ruim
Até que o melhor venha de vez
Não por ser, mas porque nos tornamos
Apesar de nossa ânsia, através do anos
Maiores em nossa pequenês
Desconstrutores de nossas intolerâncias
E sabotadores de nossa arrogância
Infantil e torpe de pequeno-burguês
Chega a hora, creio eu
Sem receio mais de ter esperança
De colhermos a bonança
Que estes tempos de tempestade
Apesar do cansaço e do alarde
Em meio a cruel cidade
Fortaleceu
Minha rainha retorna ao trono
Depois de tanto lembrar como é ser da plebe
Volta também, um pouco mais, meu sono
Ao conceber que, de novo,
Das cinzas elas se ergue.
Seja bem-vinda Luz do latim
Que venha me iluminar como sempre fez
E prometo a ti, assim como a mim,
Que se juntos caminharmos mais uma vez
Os ciclos serão fracos, tal como as tempestades
E não haverão mais grades
Contra a nossa alegre e louca
Lucidez.
(Arthur Valente)
Pois teus ensinamentos guardo em mim
Como se guarda a própria vida
E dizia-me assim, a minha querida
Pra ter paciência de crer que o fim
É só um ciclo terminado que, sem demora,
Há de se ver reiniciado num outro
Menos ruim
Até que o melhor venha de vez
Não por ser, mas porque nos tornamos
Apesar de nossa ânsia, através do anos
Maiores em nossa pequenês
Desconstrutores de nossas intolerâncias
E sabotadores de nossa arrogância
Infantil e torpe de pequeno-burguês
Chega a hora, creio eu
Sem receio mais de ter esperança
De colhermos a bonança
Que estes tempos de tempestade
Apesar do cansaço e do alarde
Em meio a cruel cidade
Fortaleceu
Minha rainha retorna ao trono
Depois de tanto lembrar como é ser da plebe
Volta também, um pouco mais, meu sono
Ao conceber que, de novo,
Das cinzas elas se ergue.
Seja bem-vinda Luz do latim
Que venha me iluminar como sempre fez
E prometo a ti, assim como a mim,
Que se juntos caminharmos mais uma vez
Os ciclos serão fracos, tal como as tempestades
E não haverão mais grades
Contra a nossa alegre e louca
Lucidez.
(Arthur Valente)
Dos Cantos Mitológicos
Dos impérios passados
Maiores que os titãs, em pleno alarde
E mais escuras que o reino de Hades
Erguem-se as muralhas de fúria
Pois são, num negro aglomerado,
Os povos unidos e irados
Contra os reis auto-intitulados
Prestes a morrerem afogados
Em suas próprias injúrias
E é Eros que lhes inspira a união
E vêm gritando, loucos, os coros de Marte
Propagando, roucos, por toda a parte
Palavras de ordem e caos pra que a tirania
Caia morta no chão
E espalha-se, a revolta, por toda a terra
Com mais bravura que os antigos heróis
Mais brilhante que mil sóis
É a alvorada da nova era
E hão de cair os comandantes
Os falsos profetas maledicentes
Com suas verdades confusas
E serão não mais que pedra
Como se olhassem nos olhos de serpente
Da própria medusa
E num avante, toda a gente
Vai tomar os postos seus
Num negro bloco de dimensão gigante
Mais forte e temido que qualquer deus
E cai o representante do deus hebreu
Delirante em sua própria má fé
E se ouve dos confins da massa ralé
Que chegara o tempo de Prometeu.
(Arthur Valente)
Maiores que os titãs, em pleno alarde
E mais escuras que o reino de Hades
Erguem-se as muralhas de fúria
Pois são, num negro aglomerado,
Os povos unidos e irados
Contra os reis auto-intitulados
Prestes a morrerem afogados
Em suas próprias injúrias
E é Eros que lhes inspira a união
E vêm gritando, loucos, os coros de Marte
Propagando, roucos, por toda a parte
Palavras de ordem e caos pra que a tirania
Caia morta no chão
E espalha-se, a revolta, por toda a terra
Com mais bravura que os antigos heróis
Mais brilhante que mil sóis
É a alvorada da nova era
E hão de cair os comandantes
Os falsos profetas maledicentes
Com suas verdades confusas
E serão não mais que pedra
Como se olhassem nos olhos de serpente
Da própria medusa
E num avante, toda a gente
Vai tomar os postos seus
Num negro bloco de dimensão gigante
Mais forte e temido que qualquer deus
E cai o representante do deus hebreu
Delirante em sua própria má fé
E se ouve dos confins da massa ralé
Que chegara o tempo de Prometeu.
(Arthur Valente)
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